segunda-feira, novembro 28, 2005

Primeira contribuição do Zé dos Tremoços

O homem da Regisconta

Foi imortalizado pela história como «aquela máquina». O prof. Cavaco é infalível e não precisa de revisão aos 100 mil km.

A sua infância e adolescência foi de self-made man, entre humildes bombas de gasolina e populares liceus de Faro. Como filho de gasolineiro ficou com o gosto pela rodagem de carros. Gosta do look descamisado négligée e é chupadinho como as latas de conserva algarvias. Os assinantes da TV-Guia, Gente e afins, gostam de lhe oferecer sapatos no dia de anos (o prof. embirra com sapateiros, são muito burgueses). É o único lusíada que não deu um bacalhau a um político do «antigo regime»– foi vítima da interioridade, e da pudência: toda a gente sabe que o dr. Salazar e seus muchachos eram lusitanos em cruzada anti-mouros... Estando muito concentrado a subir a pulso foi de Lisboa a Lourenço Marques e daí a Londres sem perceber que estávamos em guerra. Também não vê greves gerais e arrufos picantes do prof. Cadilhe, o médico diagnosticou-lhe miopia selectiva.

É a figura da sociedade civil que mais ajudou a desmascarar os políticos que fingem que não são políticos e que abusam do Expesso para apresentar a família em casa. Também denunciou os políticos demagogos que aumentam a função pública antes das eleições, que entopem o Estado com boys e que só pensam no betão progressivo. É contra as mulheres bonitas e seus rebentos dinises, por ser discriminação estética. Em seu lugar, mostra avós-avós e turmas de netinhos, em defesa das famílias numerosas e piedosas.

Muito pluralista, deixa os outros falar enquanto faz (contas). Inventor dos tabus e do desporto radical de subida ao coqueiro, trouxe frigoríficos e jipes a preço especial, ótóstradas, psd’s, ccb’s, duelos ao sol na Ponte e vivendas marianis. A sua leitura de cabeceira é o Voa pra onde te levam os gráficos de barras, de Sebastião Bach e Paula Bobone. ■ Zé dos Tremoços © 2005